Every Poem you write here
You will never understand,
Because when the waves arrive,
They will allways go off the end!

31.5.06

Quando eu te conheci

Quando eu te conheci

Eu te procurei

Demorei

Quase desisti

Mas consegui

Eu te encontrei

Quando te encontrei

Eu te deixei

Mas não agüentei

Não consegui

Eu voltei

Quando eu voltei

Não demorei

Logo te encontrei

Acho que achei

A quem sempre procurei


Alguma coisa mudou

Quando o tempo passou

Você me deixou

Mas eu não mudei

E novamente voltei

O que aconteceu eu não sei

Não sei

Se forcei

Só sei

Que te achei

Mas logo notei

Que eu não mudei

E, por alguma lei

Quando você voltou

Não sei se você notou

Mas você mudou

Tudo mudou

Ou nada mudou

Só continuou

Você não me contou

Como você ficou

Enquanto passou

O tempo que nos separou

Como é que você ficou

Todo tempo e não falou

Daquilo que você procurou

Enquanto você se afastou

E não encontrou

Será que o tempo que passou

Não demorou

Será que você encontrou

E não me falou

Agora, eu vou mudar

Quando você me deixar

Eu não vou te procurar

Não precisa se preocupar

Não estou a te ameaçar

Nem vá pensar

Que ferido, quero vingar

Vai ser difícil começar

Mas eu vou tentar

Você precisa pensar

Você precisa procurar

Você precisa encontrar

O que está a te faltar

Se um dia notar

Que não vai adiantar

Você pode voltar

Você vai me encontrar

Olavo THADEU – 23.04.1977

VIDA

COMOVIDA

VIVIDA

PROVIDA

DUVIDA

SERVIDA

MOVIDA

OUVIDA

DEVIDA

Olavo THADEU 18.04.1977

É, me meti a Poeta

Isso o afeta

Não me preocupa o que isso acarreta

Tenho uma meta

Minha direção é de uma reta

Senti a vida incompleta

E com essa poesia discreta

Que me disseram concreta

Procuro a forma correta

De dizer como poeta

Olavo THADEU – 18.04.1977

30.5.06

Que há contigo

Pergunta o amigo

É um negócio antigo

Que tento esquecer e não consigo

Quando ela passa, eu sigo

Nem penso no perigo

De encontrar um amigo

Ou, quem sabe, um inimigo

Que isso meu amigo

Perdeu a noção do perigo

Esse negócio antigo

Pode acabar contigo

É, meu amigo

Parece castigo

Estranhas o que digo

Por que não aconteceu contigo

O que aconteceu comigo

De noite, no meu abrigo

Quando estou só comigo

Penso tanta coisa e não digo

Quando estou contigo

Eu tento, mas não consigo

Você duvida do que digo

É como eu disse e digo

Não aconteceu contigo

O que acontece comigo

Olavo THADEU - 18.04.1977

Amor

Causador

Do sofredor

Amor

Encantador

Do cantador

Amor

Inspirador

Do escritor

Amor

Semeador

Colhedor

Recolhedor

Aguardador

Portador

Separador

Juntador

Novo amor

Inovador

Renovador

Aumentador

De amor

Amor

Integrador

Entregador

Curador

Não tira dor

De amor

O procurador

De amor

Achador

De amor

Sem ardor

É o amor

Olavo THADEU - 10.04.1977

Lamento

Se meu pensamento

Causa-lhe constrangimento

Mas é que neste momento

Todo regimento

Está bastante atento

Ao meu comportamento

Qualquer movimento

Ou envolvimento

Fora do estamento

É procedimento

Digno de punimento

Olavo THADEU - 05.04.1977

A REFORMA

DEFORMA

DISFORMA

O QUE INFORMA

A FORMA

E NÃO CONFORMA

Olavo THADEU - 05.04.1977

Violência

Violência

É conseqüência

Da imprudência

Da consciência

Sem ciência

Independência

Regência

Presidência

Toda essa seqüência

Em evidência

Fez exigência

De obediência

Em decorrência

Deixou em carência

A adolescência

E a previdência?

E a providência?

É que a vivência

Exige prudência!

Olavo THADEU - 05.04.1977

29.5.06

Com muito amor e arte

Com muito amor e arte,

Cada um faz sua parte!

E, assim, vamos fazendo desse mundo,

Um lugar, onde um sentimento profundo

Faz cada um seguir sua estrada.

E, ainda que leve a quase nada,

Vai com a alma alegre e festiva,

Como uma matutina estrela ativa,

Que sabe, acaba-se ao sol,

Mas tem certeza do arrebol.

Olavo THADEU 06/08/99 20:47

26.5.06

Saudade é mesmo uma palavra portuguesa,

Do tempo das Grandes Navegações.

É como viver, navegar...uma incerteza!

Quando se sente, parece não ter fim...

Por isso não tem definições.

É como buscar o horizonte,

Ou o atravessar de uma ponte.

Ao chegar do outro lado,

Vê-se que o outro lado

É o que ficou para trás.

Tem algo a ver com o passado,

Quando se pensa no futuro.

Não se permite viver o presente.

Se parece com aquilo que o Marujo sente

Quando está no Mar e lembra da Terra

E não difere do que ele sente

Quando está em Terra e lembra do Mar.

Muito mais que uma lembrança,

Encerra em si uma esperança.

Sentimento confuso, pouco entendido

Palavra que não existe em outras línguas

É sentimento, não pode ser definido,

Pois sentimento é para ser sentido.

[Ao Amigo Português - Olavo THADEU 2005]

La BAMBA - Uma história dessa música

La Bamba

A canção La Bamba, atribuída a autores diferentes e por eles disputada, na verdade, é uma canção popular do folclore Centro-americano, tendo servido, inclusive, de mote para Twist and shout popularizada pelo Beatles.

La Bamba é uma referência a corda bamba, ou característica de vida perigosa, cheia de riscos, como atravessar em uma corda bamba.

Por ocasião de um aperfeiçoamento profissional que realizei na Alemanha, tive a oportunidade de conviver com pessoas de vários países do mundo, particularmente, aquelas dos chamados Países em Desenvolvimento ou 3.º Mundo. Muito unidos e extremamente alegres os latino-americanos formavam um grupo a parte, que chamava a atenção dos demais pelas músicas e pelo futebol, sempre de muita raça. Nada contra mas, como não jogo futebol, participava mais ativamente das rodas de música, onde a música brasileira sempre fazia o maior sucesso pela variedade de harmonia, riqueza de letras e ritmo contagiante.

O gosto dos brasileiros pela música era sempre destacado e causava curiosidade em nuestros hermanitos. Nós, brasileiros, cantávamos com desenvoltura os clássicos da Música Latino Americana em espanhol, dentro da melodia e sem faltar um só pedacinho das letras. Foi em uma dessas divertidas rodas que tomei conhecimento da história de La Bamba. Após cantarmos os versos tradicionais e mais popularizados, ouvimos versos nunca dantes ouvidos por nós brasileiros. Cada uma das novas estrofes era cantada pelo representante de um país diferente, cada um a sua vez - isto me chamou a atenção. Foi então que um deles contou-nos a história que hora lhes passo.

Ficou como relato verbal, para o qual não encontrei qualquer referência bibliográfica (se vc conseguir, por favor, me passe a fonte). A história se passava nos mares centro-americanos, em época que por lá a pirataria corria solta. Quando um marinheiro roubava, ou cometia um delito grave, dentro de um barco, a tripulação o matava. Ele tinha uma chance para sobreviver: caso aparecesse outro barco por perto e o contato se fizesse, como era de costume acontecer.

A tripulação lançava uma corda - La Bamba – de um convés ao outro e, por ela, o marinheiro deveria tentar atravessar, se conseguisse chegar ao outro lado seria incorporado à tripulação do novo barco – prêmio por coragem ou por “provar” que era inocente do que lhe acusavam em seu antigo barco.

Claro que muitos marinheiros caíram n’água e viraram aperitivo para os tubarões que abundavam naquelas águas.

Observa-se que os intérpretes mais autênticos e típicos tinham, e têm ainda, quando cantam, um requebrado característico, imitando o caminhar do marinheiro sobre a corda bamba, que acabou produzindo um jeito de dançar que também lembra os trejeitos de um bêbado – situação em que freqüentemente se encontravam os marinheiros.

Assim, podemos entender melhor as letras das estrofes que se seguem:

Para bailar la bamba

Para bailar la bamba

Se necesita una poca de gracia

Una poca de gracia

Y otra cosita [ ou Para mi parti ]

Imagine a graça que é preciso ter, além de outra coisinha, para atravessar em uma corda sobre um mar repleto de vorazes tubarões

Oye arriba, oye arriba

Oye arriba iré

Oye arriba iré

Por ti seré

Por ti seré

Bamba la bamba

Bamba la bamba

Para cima Para cima ( claro! Para baixo você morre!)

yo no soy mariñero

yo no soy mariñero

Soy Capitán

Soy Capitán

Soy Capitán

Oye arriba Oye arriba,,,

...

Bamba la bamba

Para subir a el cielo

Para subir a el cielo

Se necesita una escalera larga

Una escalera larga

Y otra chiquita

Oye arriba Oye arriba,,,

...

Bamba la bamba

Alusão à escada grande que dá acesso ao topo dos grandes mastros – que leva aos céus. A escada pequena é a que dá acesso ao convés do barco, quando o marinheiro que caiu n’água e conseguiu nadar até o casco do barco – a escadinha por onde se sobe a bordo.

En mi casa me dicen

En mi casa me dicen

Que soy inocente

Porque quiero las chicas [ ou “Porque tiengo muchachas”]

Porque quiero las chicas [ ou “Porque tiengo muchachas”]

Del quince al veinte

Oye arriba Oye arriba,,,

...

Bamba la bamba

Alusão à inocência do marinheiro e malandragem com as mocinhas.

De mi casa a tu casa

De mi casa a tu casa

És sólo un paso

Y por eso yo paso

Y por eso yo paso

A darte un abrazco

Oye arriba Oye arriba,,,

...

Bamba la bamba

Neste verso, mi casa é o barco de onde sai o marinheiro e tu casa é o barco para onde ele tenta ir. Quando consegue chegar a bordo do outro barco dá e recebe abraços.

Cada país tem seus versos característicos e conta-se que são mais de trinta versos diferentes conhecidos popularmente na região. Além daqueles que são criados para ocasiões específicas de um tempo, local ou circunstância. Canta-se o estribilho e,como num repente, de improviso, a situação dá o mote.

Para brincar com os alemães, dos quais diziam não serem muito chegados a banho, foi feito um verso, cujo autor, por motivos óbvios ficou anônimo. Confira...

Depois do estribilho ... Bamba la bamba... entra o verso

Toda vez que me baño

Toda vez que me baño

Si rompe un caño

Y por eso me baño

Y por eso me baño

Una vez al año

Oi arriba oi arriba,,,

...

Bamba la bamba

... ... ... ....

Gracias, Gracias...

Olavo THADEU – Atualizando sempre!

Um roteiro para pensar o entrelaçamento do Ambiente

Um roteiro para pensar o entrelaçamento do Ambiente

com Cinema e Educação.

Olavo Thadeu Fermoseli Câmara

Vamos aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser porém, antes de tudo e sempre, ao longo de toda vida, vamos aprender a pensar!

Na Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI - UNESCO, coordenada por Jacques Delors[1], apresentou um relatório que tem como tema ”Os Quatro Pilares da Educação para o Século 21”.

Este relatório serviu de referência para a elaboração dos “Parâmetros Curriculares Nacionais” e estes orientaram o Currículo da Educação Básica para o Ensino Médio e Fundamental no Brasil. Daí, vem o resumo, onde negritei os pilares:

“A educação ao longo de toda a vida baseia-se [portanto] em quatro pilares:


Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ap desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.

Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligencia na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. “

Podemos pensar... A cadeira tem quatro pés. Então, está tudo certo!

Não, não está! Assim, não aprendemos a pensar!

Sabemos que não está tudo certo, sabemos que transformações como as propostas, tomando por base a Educação, são lentas. A idéia dos “quatro pilares” pode ser comparada a uma cadeira com quatro pés, ou quatro apoios – dessas comuns que existem por aí, sobre a qual nos sentamos todos os dias.

Acredito, tal como Arquitetos e Designers, que uma cadeira fica melhor com cinco pés – aqueles em forma pentagonal, que tornam a cadeira realmente estável e segura em seus movimentos.O quinto pilar, equivalente ao quinto pé da cadeira, aparentemente dispensável, é o aprender a pensar...

Destaco, a seguir, um trecho que antecede o resumo citado anteriormente.

“Ora, a Comissão pensa que cada um “dos quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de atenção igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo como no prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade.”

Neste trecho, aparece a palavra “pensa” – única referência ao verbo pensar em todo relatório. “Ora, a Comissão pensa...”

A partir de um ligeiro panorama sobre a evolução histórica do Cinema, da Questão Ambiental e da Educação, em termos de processo e produto, podemos ter uma aproximação do grau de entrelaçamento contido em cada um deles e que, ao mesmo tempo, os contém. Na medida em que fechamos o foco em cada um desses panoramas evolutivos, detalhes mais expressivos e significativos completam o quadro, expondo cada vez mais esta intercomplementaridade.

Tomando, de um lado, a evolução do cinema, a partir da pintura, da fotografia e, finalmente, da cinematografia: em branco e preto e mudo, inicialmente, – este detalhe, que pode passar desapercebido, começa a exigir da platéia a capacidade de ler os textos intercalados às imagens. Com o tempo, vem o som, as cores, os efeitos cinematográficos computadorizados, acompanhados de um fazer junto e cooperação multi/transdisciplinares.

Dos três temas, o cinema, sem dúvida, foi o que mais e melhor se utilizou da tecnologia para seu desenvolvimento, consagrando um processo cujo fazer sempre contempla o trabalho em equipe e a cooperação – o conviver. O fazer do cinema pressupõe uma equipe ao longo de todo seu processo, que culmina com a exibição do produto e conseqüentes transformações – o cinema é um agente transformador por excelência – seja um cinema de arte, ou de consumo: o público ri, chora, vibra, ama e sofre, enfim, vive e se transforma, na maioria das vezes, junto; isto, em essência, corresponde ao conviver. A diferença fundamental reside na proposta do cinema de arte agregar o pensar, antes das outras transformações.

De outro lado, o Meio Ambiente aparece sofrendo prejuízos causados exatamente pelo desenvolvimento tecnológico. A Questão Ambiental começou a entrar em cena a partir da década de 70 do século passado, embora existam registros históricos isolados que denotem essa preocupação. No final do século 15, o Capitão João Gonçalves Zarco recomenda ao Rei de Portugal cuidado com os leões marinhos que procriam em uma caverna na orla de uma Ilha recém-descoberta, ainda que o inventário patrimonial destaque a exuberante cobertura e abundância de madeira, que terminou por dar nome a Ilha da Madeira...

“Numa dessas batalhas, seu navio perdeu a rota e chegou por acaso num grupo de Ilhas localizadas a 500 quilômetros da costa de Marrocos. A maior das ilhas era coberta por uma exuberante vegetação e Zarco a denominou Ilha da Madeira. No litoral dessa ilha, Zarco e seus tripulantes viram muitos leões marinhos (no português antigo: lobos marinhos) escondidos numa caverna e chamaram aquele lugar de "Câmara de Lobos". Em sua volta a Portugal, Zarco relatou à Sua Majestade a descoberta.” – Portal da Ilha da Madeira

No auge das Grandes Navegações, a tecnologia naval lusitana demandava madeira para as quilhas das embarcações, cujos calados, para garantir o domínio do Mar Tenebroso, deveriam ser muito maior do que o daquelas que cruzavam o Mediterrâneo; para tanto, extensas áreas de florestas foram devastadas – vale lembrar o nosso Pau Brasil.

Nesse pequeno corte histórico, fica clara a estreita relação entre Poder e Domínio de Tecnologia, que ao longo da trajetória das nações consagrou impérios que continuam se valendo da Tecnologia, até os nossos dias, em detrimento do Meio Ambiente.

Entre os dois aspectos enfocados, aparece a Educação, cuja trajetória evolutiva é bastante modesta. Num quadro irônico, mas nem por isso irreal, a evolução da Educação pode ser comparada à passagem da Era da Pedra Lascada para a Pedra Polida: das gravações em pedra bruta, de caráter indelével, passamos à pedra polida, cujo grande salto é o giz e o apagador, mesmo por que o prazo de validade das informações vem se reduzindo a cada dia, ou segundo. Esta evolução pode ter acontecido mais em função da necessidade de preservar as pedras, que se tornavam escassas, cumprindo o reciclar, reaproveitar e reutilizar, do que para facilitar o processo.

É evidente que existem tecnologias avançadas para Educação, a questão é disponibilizar ou democratizar o acesso a essas tecnologias.

Dos filósofos que escreveram sobre o aprender a pensar, para este momento, fico com Sêneca, cujas considerações sobre o aprender vão da vida até a morte e se revelam em sua obra Sobre a Brevidade da Vida, que pode ser sintetizada por este trecho capitular:

“Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer.” - E a perspectiva da morte nos faz pensar.

Olavo Thadeu - Professor



[1] Publicado em forma de livro no Brasil, com o título Educação: Um Tesouro a Descobrir - UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1999

Tempo para o Amor

Tempo para o Amor


O que significa uma tarde,

Para quem já esperou um ano?

Como é estranha essa idéia

De tempo para um ser humano!

Há certas coisas que acontecem,

Que me deixam perdido no tempo.

Quero passar logo pelo dia,

Para chegar logo o momento.

E quando no momento estiver,

Quero que a noite segure o Sol,

Até a hora que o Amor vier.

Quando o Amor chegar, não fale,

Deixe que as coisas aconteçam.

Não saia de perto do meu lado,

Até que os dias amanheçam.


Você disse que depois do Amor,

Tudo passa, logo se esquece.

Pense bem no que você disse,

Para ver se é isso que acontece.

Veja o que sinto nesta hora,

Quando os dias amanhecem,

Sem que eu os veja lá de fora.

Você me disse, depois do Amor,

Que queria ser uma estrela,

Aquela que, com o Sol da manhã,

Insistia para alguém vê-la.

Você é a estrela da noite,

Que brilha durante o meu dia.

Não é como aquela estrela,

Que, ao levantar o Sol, sumia.

Olavo THADEU - 05.05.1977


Versos em Guardanapo

Sou Poeta de balcão,

De versos em guardanapo,

De beber a solidão

Nos goles de cada copo.

Tantos goles...

Tantos copos...

Garrafas enfileiradas...

Histórias são contadas

De coisas já passadas.

Ilusões afogadas...

- Mais uma!

Copos vazios

São cheios!

Corações vazios

Continuam vazios!

Olavo THADEU - Lanches Yporanga -1977

Um dia - SEMPRE

Se você estiver se sentindo só,
Precisando de um amigo,
Com problemas que parecem não ter soluções...
Lembre-se de permanecer na fé
Pois o Amor estará iluminando os seus caminhos.

Se a qualquer, momento precisar de um amigo
Eu estarei aqui
E você nunca estará só novamente.
Então, não tenha medo,
Mesmo que você esteja milhas distante de mim,
Eu estarei ao seu lado
E você nunca mais estará só...
O Amor faz isto acontecer!

Quando as sombras se aproximarem
E você se sentir abandonada,
Lembre-se que você não está só
E que o Amor estará por perto
Para guiar sua volta para casa.

Se você acreditar em mim,
Eu
te amarei para sempre.
Segure minha mão,
Leve-me em seu coração
E
eu estarei lá sempre
E nunca irei abandonar você.

Olavo THADEU – Um dia - SEMPRE

50 anos

Como é bom debruçar-se sobre a metade de um século,
Com o frescor úmido das manhãs nas maçãs da face!

Ah! Que graça cruzar as avenidas da vida
E seguir livre de atropelamentos!

Mas o que é a vida?
- Uma sucessão de momentos!!!
Então, não há por que envelhecer,
Afinal, isto não acontece em um momento!
Olavo THADEU – 50 anos

Refratária

Se vc for refratária ao meu abraço,

Como são as pedras aos abraços do mar!

Como mar, eu seguirei te abraçando,

Até que você se demanche

E se torne areia de uma linda praia.

Que eu, com meus braços, virei te abraçar ...

E com meus beijos irei te molhar...

Olavo THADEU 2000

IMAGEM NA AÇÃO I M A G I N A ÇÃO

IMAGEM NA AÇÃO

I M A G I NA AÇÃO

De repente, você imagina alguma coisa.

Não! Não pode ser! Não é possível!

Isso não pode acontecer! Não dá!

Mas esta coisa começa a andar pela sua cabeça.

Você começa a sonhar: sonhar com o que você quer.

Imaginar o que você quer.

Comece a escrever o que você quer.

Procure as coisas que antecedem o que você sonha.

Cerque seu sonho. Realize-o!

É preciso imaginar.

É preciso sonhar.

Os sonhos e as imaginações serão as realizações.

Mas é preciso planejar. É preciso trabalhar.

É preciso parar, um pouco, de sonhar para poder realizar.

Nós sonhamos.

Nós imaginamos.

Nós planejamos.

Nós estamos trabalhando, mas ainda não realizamos.

Pois o sonho não se acaba.

Sonhávamos com muita coisa.

Realizamos alguma coisa.

Não podemos esquecer o que realizamos.

Nem podemos lembrar só o que realizamos.

Precisamos continuar sonhando para poder continuar realizando.

Venha sonhar com a gente!

Venha realizar com a gente!

Para o número de abertura do Jornal “No Ato”

Curso de Publicidade da EESG Prof. Primo Ferreira

Santos, 07 de maio de 1977.

Olavo Thadeu

Oi SEXO!

Oi

Há braços entrelaçados

Mãos nas costas

Peito com Peito

Coração no Coração...

SEXO

SEM NEXO

REFLEXO

COMPLEXO

NÃO HÁ SEXO

NEM NEXO

SÓ PLEXO

COM PLEXO

NUM AMPLEXO

PERPLEXO

SEM SEXO

CONEXO

Um grande abraço e

Até breve,

Olavo THADEU 1977

Planejamento Suburbano ou Mitologia Estrutural

Brasília e Roma podem ser consideradas “Cidades Irmãs” – conceito criado pela Unesco para designar cidades de mesma gênese - por que ambas nasceram de um projeto: antes de sua construção, estas cidades foram sonhadas, concebidas e desenhadas. Pode-se dizer mais, elas ensejavam um projeto político.

Olavo Thadeu Fermoseli Câmara

As razões da construção de Brasília são de nós bastante conhecidas e não devem, por isso, deixar de ser discutidas. A irmã mais velha de Brasília vivia seu esplendor e, já naquela época, padecia das conseqüências de ser a capital do Império dos Césares. Suas vias eram estreitas e não comportavam o intenso tráfego de veículos, a ponto de suscitar o legiferante poder romano a criar o que passou a ser conhecido como a primeira lei de trânsito. Referindo-se aos veículos como “auto móveis”, dizia que aqueles veículos auto móveis que se encontrassem em determinada área central de Roma, quando do nascer do sol, deveriam permanecer parados, até o por do sol. Uma forma romana de dizer “Trânsito proibido a veículos durante o dia”.

O espaço de Roma não era disputado apenas pelos auto móveis. Um excedente populacional sobrecarregava a Urbe, trazendo transtornos e desconfortos aos cidadãos urbanos. Roma, graças aos atrativos de sua centralidade, era alvo da migração das populações do campo. Parte dessa população, que não tinha condições para moradia na Urbe, passou a ocupar as catacumbas romanas – uma verdadeira cidade foi “construída” embaixo de Roma.

A Urbe e a sub Urbe. Assim, cidadão urbano era o morador da Urbe – e o não-cidadão era suburbano – morador da sub Urbe.

E o que eram as Catacumbas Romanas?

Área correspondente ao subsolo imediato de Roma, destinada a depósito dos restos mortais dos cidadãos e um verdadeiro labirinto de cloacas e canais para escoamento dos resíduos sanitários gerados pela Urbe. Todo esgoto de Roma transitava por galerias e canais subterrâneos totalmente desprovidos de iluminação, insolação e ventilação, em cujas paredes laterais se instalavam os nichos para deposição de cadáveres – as carneiras.

A decomposição de corpos humanos em presença de esgoto, circulando em um meio sem iluminação, insolação e ventilação, transformava as Catacumbas Romanas em foco epidêmico de proporções desastrosas – a eclosão de uma epidemia, em pouco tempo, se transformaria em uma pandemia, levando o risco fatal a todos cidadãos urbanos, incluídos aí a elite romana e o próprio César com sua corte.

Esta razão, com certeza, levava César a destacar parte de sua guarda – os Pretorianos – a manter sob vigilância controlada a ocupação das Catacumbas. Tarefa que poderia ser comparada ao castigo imposto por Zeus a Sísifo ou ao Tear de Penélope, pois, ao mesmo tempo em que não eram produtivos os resultados do esforço, o que se fazia durante o dia era desfeito a noite. Populações removidas hoje daqui, amanhã estavam instaladas acolá.

Mantendo o enfoque, com auxílio da mitologia greco-romana, Cronus continuava a comer os filhos que gerava...A mitologia foi criada pelo homem para explicar e justificar o inexplicável e o injustificável. Com o passar do tempo, problemas não resolvidos, quando não tratados, geram mais problemas, aumentando seu potencial de impacto devastador. Isto é uma patologia típica das cidades.

O desfecho da antiga Roma é nosso bem conhecido e também merece ser discutido. Aquela visão caricata de um Nero tocando lira, após atear fogo a Roma, tão presente nos filmes de nossa infância, reapresentados nas sessões da tarde das emissoras de segunda linha, e refeitos, nos dias de hoje, pelos laboratórios cinematográficos de última geração, pode não corresponder à realidade dos fatos ocorridos. Há que se considerar que o preceptor de Nero foi ninguém menos que o filósofo Sêneca, cujas preocupações com a vida e com a morte se revelam em sua obra Sobre a Brevidade da Vida, que pode ser sintetizada por este trecho capitular:

“Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer.”

À parte das deformações morais que se nos chegam de César Nero, pode-se dimensionar a magnitude de sua inteligência e habilidades, considerando a educação recebida de Sêneca e sua sobrevivência em meio ao verdadeiro Circo Romano que era aquele império. Ciente da perspectiva fatal de uma pandemia com foco nas catacumbas, Nero concebeu o incêndio daquelas instalações como medida sanitária, eliminando o meio propício às bactérias e dificultando a permanência humana.

O acúmulo de gases residuais de decomposição orgânica, combustíveis por excelência, e a abundância de madeira nas estruturas das construções das catacumbas da Urbe Romana, pode ter escapado ao controle de Nero, face às proporções assumidas pelo sinistro, que se iniciou na sub Urbe e terminou por atingir a Urbe.

Pode-se imaginar um arauto de César, em um comício, ainda no rescaldo do incêndio de Roma, anunciando a contratação de arquitetos para desenhar a Nova Roma e as perspectivas de geração de emprego advindas da construção. Não cabe agora falar da falência do erário romano e da impossibilidade de remunerar os construtores da Nova Roma, o édito de César convocava os cidadãos romanos a construir a Nova Roma por honra, glória e prazer. O que se entende hoje por trabalho era expresso pela palavra labor; e tripalium (origem da palavra trabalho) eram três paus amarrados por um fio, constituindo-se em instrumento de castigo. Aqueles que se recusassem a construir a Nova Roma por honra, glória e prazer eram submetidos ao tripalium. Daí o dito popular “O trabalho (tripalium) dignifica e enobrece o homem.” e a verdadeira aversão atávica que o ser humano desenvolveu pelo trabalho – principalmente quando ele não enseja prazer, honra e glória.

Quase dois mil anos separam Brasília daquela Nova Roma, as variações semânticas nos afastam da sub Urbe e subúrbio, ou suburbano, assumiu conotação de periferia ou depreciação de classe. A tecnologia do Planejamento Urbano se serve do Geoprocessamento e outras novidades. Apesar disso, algumas circunstâncias insistem em manter ligadas as duas irmãs em seus destinos de capital do Império dos Césares.

À centralidade de Brasília se aliam políticas de distribuição de lotes e, como não temos aqui as catacumbas romanas, “permitimos” que os não-cidadãos – os suburbanos, desprovidos de cidadania – sejam assentados sobre uma área de deposição de lixo com mais de trinta anos de saturação. A Cidade Estrutural é um assentamento “espontâneo”(??) ou irregular que assim ficou conhecida por se localizar às margens da Via Estrutural - que liga o Plano Piloto às regiões mais densamente habitadas do Distrito Federal (Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Brazlândia). Inicialmente, compunha-se de menos de uma dezena de famílias, que sobreviviam da catação de lixo na área conhecida como Lixão. Literalmente, da noite para o dia, converteu-se em uma “cidade”, com arruamento, lotes, áreas para templos, escolas e serviços – áreas demarcadas e “distribuídas”.

O esgoto corre a céu aberto e os barracos de madeira se intrincam, praticamente, apoiando-se uns sobre os outros, em um tecido de alta vulnerabilidade a incêndios sem a menor possibilidade de controle. Geograficamente, a área contígua ao Lixão limita-se com o Parque Nacional, sítio dos mananciais que abastecem Brasília, e é cortada por um poliduto da Petrobrás, onde são transportados derivados de petróleo. Pode-se imaginar o que seja um incêndio atingindo um poliduto!

Enquanto César Nero não age, Cronus é implacável. E, sobre o Lixão da Estrutural, crianças brincam no esgoto, respirando os gases gerados pela decomposição dos resíduos ali depositados, ao longo de anos, sem qualquer controle sanitário. Assim uma população suburbana se instala e cresce sob um verdadeiro foco epidêmico, com características e conseqüências não muito diferentes daquelas das catacumbas romanas. Acrescente-se que essa população é prestadora de serviço em Brasília e região.

O faxineiro, o cozinheiro e seus auxiliares, para não falar de outros trabalhadores, sub e desempregados – moradores desse assentamento - prestam serviço em residências, blocos, restaurantes, hotéis, hospitais, em Ministérios... Quem sabe, no Aeroporto ou no Congresso Nacional?.... Estes são pontos de alta confluência e trânsito de indivíduos de todo Brasil e, por que não dizer, do mundo – Brasília tem o maior Corpo Diplomático acreditado em uma só localidade.

Estamos diante da fixação de uma população com alto potencial para dinamizar um processo endêmico e pandêmico de proporções nunca vistas; para não falar de um incêndio que começa na sub Urbe e atinge a Urbe.

Alguém poderá dizer tratar-se apenas do roteiro de um filme, enfocando grandes catástrofes sobre uma cidade. Tudo bem! Ocorre que a realidade, ultimamente, vem teimando em imitar os filmes e a vulnerabilidade das cidades está à prova.

Ave César!

Olavo Thadeu Fermoseli Câmara é Professor e Arquiteto.Especialista em Planejamento Habitacional e Desenho Urbano, com Aperfeiçoamento Profissional em Planejamento Urbano Regional na Alemanha - Área de Concentração: Planejamento e Construção de Moradias e Centros Residenciais de Baixo Custo.